BH acordou em festa nesta quinta-feira
O filósofo franco-argelino Albert Camus dizia que o que ele mais sabe sobre moral e obrigações, deve ao futebol. Em Belo Horizonte, o Atlético-MG fez jus à frase e, sem desistir, mostrou ser forte e vingador, tal qual canta o hino do clube. Devolveu o 2 a 0 no tempo normal, venceu nos pênaltis por 4 a 3 e deu fim a uma escrita de 42 anos - desde o Brasileiro de 1971 - sem títulos importantes. No Mineirão, veio o maior deles. O Galo é campeão da Libertadores. E vive um dia histórico, que os estudantes que fundaram o time, em 25 de março de 1908, no Parque Municipal, não puderam presenciar. E certamente nem imaginaram.
Um Mineirão ensandencido - com 56 mil pessoas que geraram uma renda de R$ 14 milhões - foi aos poucos tomado pela frieza com que o Olimpia impôs o ritmo no primeiro tempo. No início, entretanto, o Atlético-MG mostrou por que precisava reverter o 2 a 0 da partida de ida. Logo aos dois minutos, Diego Tardelli arrancou pela direita e bateu cruzado. Mas nem Jô, nem Bernard alcançaram. Aos nove, Ronaldinho arriscou um chute com muito efeito. Silva espalmou.
A partir dos 10 minutos, o Olimpia se recompôs. A linha de cinco jogadores na entrada da área defensiva obrigava o Atlético a alçar bolas na área, o que facilitava o trabalho atrás. Aos 15, o primeiro susto. Bareiro foi lançado cara a cara com Victor, que, no chão, defendeu. Aos 19 minutos, o Atlético voltou ao ataque e quase marcou com Ronaldinho, de cabeça. Mas, aos 33, Alejandro Silva entrou livre na grande área, cortou Leonardo Silva e bateu rasteiro. Victor, de novo, defendeu.
O time brasileiro voltou para o segundo tempo em cima, pressionando. E, logo aos 57 segundos, marcou. Bernard arrancou pela ponta direita e cruzou. Pittoni tentou afastar, mas furou. Concentrado, Jô viu a bola surgir na direção do seu pé direito. E emendou, lado direito, por baixo de Martín Silva: 1 a 0.
Silva virou o nome do jogo. Com o Atlético-MG empurrando o Olimpia para o campo de defesa, ele espalmaria mais uma conclusão à queima-roupa, desta vez de Réver. Depois, aos 32, defendeu chute preciso de Ronaldinho, no canto.
Com Manzur expulso aos 40 minutos, o gol salvador que levou o jogo para a prorrogação ocorreu aos 41. Após cruzamento da direita, Leonardo Silva subiu, se esticou no ar e desviou para o canto oposto, o esquerdo do goleiro, para explodir o Mineirão: 2 a 0.
Na prorrogação, as chances se acumularam. Mais para o Atlético. Silva seguiu herói. Mas a redenção brasileira ocorreu apenas nos pênaltis. Victor defendeu a primeira cobrança do Olimpia, batida por Miranda. Pelo Atlético, Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva marcaram. E Ronaldinho nem precisou marcar, já que Giménez bateu na trave a última cobrança do Olimpia e levou o clube mineiro ao título inédito.