RIO - Dois dias depois de decretar situação de emergência no município — ato que permite assinar contratos sem licitação —, por causa das últimas chuvas, que deixaram cinco mortos, 24 feridos e 274 desabrigados, a prefeitura de Teresópolis resolveu cuidar do estômago de seus servidores e convidados. Realizou anteontem um pregão para contratar um bufê para atuar em solenidades municipais, como inaugurações de obras e seminários promovidos por secretarias. A empresa MR Eventos ganhou a disputa com o valor de R$ 785 mil. Como o anúncio do pregão provocou polêmica na cidade, o município voltou atrás nesta sexta-feira e cancelou o negócio.
Segundo a assessoria da prefeitura, o município sequer chegou a assinar o contrato com a MR Eventos Culturais, que iria fornecer coffee breaks, almoços e coquetéis para 43.600 pessoas ao longo de 12 meses, a um custo unitário médio de R$ 18. Cada um dos 800 almoços previstos no pregão teria bebida, sobremesa, dois tipos de carne, saladas, arroz, feijão, farofa e massas, custando em média R$ 30. O valor total era de R$ 24 mil. Os dez coquetéis para mil pessoas, com salgados, canapés, frutas e bebidas, custariam R$ 214.500. A prefeitura ainda fez uma exigência: o refrigerante oferecido deveria ser de primeira linha.
O pregão virou motivo de debate na Câmara de Teresópolis, com vereadores criticando a realização do negócio num momento em que a cidade ainda tenta se recuperar do impacto das chuvas do fim de semana passado.
— Realizar um pregão para um assunto tão supérfluo neste momento é um desrespeito às vítimas, que precisam de um atendimento de melhor qualidade. Pedi que destinassem essa verba de coquetéis ao atendimento dos desabrigados — declarou o vereador Cláudio Mello (PT).
A população também viu com maus olhos a realização do pregão. Rita Telles, diretora-executiva do Movimento Nossa Teresópolis, que busca fomentar a discussão sobre a qualidade de vida no município, mostrou-se satisfeita com o cancelamento do negócio:
— Não é hora de pensar em festa. Não teria o menor sentido aprovar isso num momento tão delicado.
Teresópolis está entre os municípios que foram duramente atingidos pelas chuvas de janeiro de 2011, que mataram centenas de pessoas na cidade — em toda a Região Serrana, foram 918 mortos. Numa série de reportagens no ano passado, O GLOBO noticiou um esquema de corrupção na prefeitura que envolveria o então prefeito Jorge Mario Sedlacek. Com as denúncias, ele foi afastado do cargo e depois teve o man avisou que não cederá nenhuma das três vagas do partido. Jucá, que já disse que nem assinará a CPI, resiste em aceitar a convocação do líder. Mas Renan vai insistir. Na Câmara, ainda há impasse sobre os nomes do PMDB.
Do PT do Senado, estão quase certos o ex-ministro José Pimentel (CE) e Wellington Dias (PI). A oposição no Senado se reunirá na próxima semana para definir os nomes que indicará. A tendência é que se mantenha a preferência por nomes com experiência em investigações, como fizeram PSDB e DEM na Câmara, que indicaram Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Carlos Sampaio (PSDB-SP).
O líder do bloco do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), vai definir os nomes na terça-feira, mas uma das cinco vagas de titulares já foi prometida ao PDT para acomodar o senador Pedro Taques (MT). A relatoria, do PT na Câmara, tem outros candidatos: Paulo Teixeira (SP), Henrique Fontana (RS) e Luiz Sérgio (RJ).
FONTE: EXTRA ONLINE