Brasília -
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)
condenou nesta quinta-feira a decisão no Brasil do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) de absolver um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos sob a
presunção de que elas se prostituíam.
"É inconcebível que a vida sexual de uma menina de 12 anos de idade
possa ser utilizada para revogar seus direitos", declarou Amérigo
Incalcaterra, representante regional do ACNUDH para a América do Sul, em
comunicado divulgado pelo escritório, com sede em Santiago do Chile.
"Esta decisão abre um precedente perigoso e discrimina as vítimas
tanto pela idade quanto pelo gênero", acrescentou. Incalcaterra indicou
que a decisão do STJ viola vários tratados internacionais de direitos humanos
ratificados pelo Brasil, como a Convenção sobre os Direitos da criança, e
ressaltou que todos os tribunais têm a obrigação jurídica de interpretar e
aplicar esses convênios.
Por sua vez, o representante do ACNUDH "acolheu com
satisfação" as críticas feitas pela Secretaria de Direitos Humanos do
Brasil sobre a sentença e ofereceu a assistência e cooperação de seu escritório
ao Poder Judiciário desse país em matéria de padrões internacionais de direitos
humanos.
O Superior Tribunal de Justiça se apoiou em uma decisão do Supremo
Tribunal Federal, que em 1996 determinou que "a presunção de violência no
estupro de menores de 14 anos é relativa". A decisão não é final, ainda
cabe recurso ao próprio STJ e ao STF.
As informações são da EFE
FONTE:JORNAL O DIA.
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